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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.12.04

Só quero um dia de Pátria... Recebido de... há palavras que só podem ter uma autora!



Só quero um dia de Pátria

Um dia que há-de espelhar o tudo


Um dia que não permita o escuro das exaustas noites

Que proíba em espasmo qualquer medo ou submissão


Um dia que conceda o abandono das aves e do voar

Onde se forma a liberdade a partir de uma mão

de um olhar ou de um desígnio de mar


Um dia em que a morte seja o alimento à memória

E que num brando escutar

dela não mais se receie





Antes numa canção o relembrar

de quem aqui foi limpidez

Exemplo de real preparo

à nossa convicção


Só quero um dia de Pátria

Um dia na raiz do ar que nos sustente

todos os legítimos sonhos


Um dia com vários fins

escolha de quem recomeça

por entre distintos nevoeiros

A acreditar que a infância e o homem são unas

E que adolescente foi todo o caminhar até este pedido

de Pátria


Só quero um dia de Pátria

Que corra no meu sangue arrítmico

e assim o acalme e não separe

Das margens que todos nós somos

Só quero um dia de Pátria!

Flor quente e verde

abrindo-se no peito


De um povo

De uma gente


Que acima de tudo

reconhece uma réstia de sopro

Quando ainda é tempo!

A pátria, a falésia, a terra

E o mosto


E o segredo por abrir!

Tão perto, tão perto

Que se estremece se o dia de Pátria


Em nós se não acontece

De uma única forma:


Torrencial

Tal como a vida e o que ela em nós

Significa


Só quero um dia de Pátria!


Aquele que relendo os capítulos

Nos reconhece

porque em nós nasceu

E em nós o seu nome é


Pátria!

O. S