Uva, parra e nenhum sumo

Esqueci-me de assinalar a principal notícia política deste fim-de-semana: Marques Mendes entrou na pré-campanha. A ilustríssima alternativa à liderança de Santana Lopes no PSD, distinto intelectual universitário, graças à aliança que fez com Isaltino de Morais e aos serviços que prestou a Marcelo Rebelo de Sousa, teve a coragem de aparecer na corrida a um lugarzito de deputado, comendo o sapo vivo da liderança actual. Crítico, sim, sem tacho, não. "Sou um político profissional"!



A mensagem encheu de júbilo todas as esperanças laranjas, quando Sua Excelência, o último representante das muitas tralhas passadas em seu partido, proclamou que Sócrates é "muita parra e pouca uva". Não sabemos se, exaltando a figura de Pedro, qualificou este último como "muita uva e pouca parra". Sabemos apenas que a parra é uma folha caduca, que nasce numa árvore que dá flor, que é uma folha sem cheiro, vinda de uma árvore que dá frutos (uvas), as quai servem para fazer vinho e compota, assentando numa raiz fasciculada.



Compreendemos, portanto, o drama de Sampaio que hoje perorou o seguinte: "aquilo que eu peço aos cidadãos do Pinhal Novo, de Palmela, a qualquer cidadão do país, é que se informe sobre as propostas, sobre a maneira como cada um dos responsáveis pretende responder às vossas preocupações, ao futuro da educação, da saúde, da justiça, da economia". E mais acrescentou: "a vossa participação é importante, e a única coisa que vos peço em todo este período é que escutem, participem e que, no dia 20 de Fevereiro, votem de acordo com a vossa inclinação. Isto é um país livre que tem agora, como eu entendi que devia ter, uma oportunidade de escolher qual deve ser o seu rumo futuro".



Portanto, entre a muita parra com pouca uva e a a muita uva com pouca parra, tinha inclinações para não querer os Isaltino nem as Fátima Felgueiras. E como não gosto dos declives do Jerónimo e do Anacleto, também já não me iludem os Ferreira Forres. Se educação é a universidade do senhor Marques Mendes, se a saúde é mais um ex-MRPP, se a justiça é mais a roleta russa de uma qualquer Cardona e se, na economia, pode brilhar o Professor Doutor Francisco Louçã, é melhor pedirmos a imediata adesão do Turquemenistão à União Europeia. Viva o inevitável mais do mesmo! O cão de Monsanto continua a ser o melhor amigo de Pedro!