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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

9.4.05

Descascando a careca de um partido produtor de cacos...



Manuela Ferreira Leite e Manuel Dias Loureiro falaram. A primeira saiu do silêncio sepulcral e veio para apoiar Mendes e para dizer que o PSD se deve tornar no "grande suporte mobilizador" do cavaquismo presidencial, denunciando os que "cochicharam" sobre Borges, porque ele é "ideias novas" e não uma "ameaça". Coerente, assumiu-se assim como a voz autorizada de Boliqueime e a grande apoiante de António Preto, não falando do santanismo, mas dizendo mal do PS: "eles falam, mas não fazem, pelo que importa criarmos condições para, quando chegarmos ao governo, não termos que apanhar os cacos que eles nos deixaram".



Loureiro saiu do palanque do presidente do congresso e reconheceu que, a partir do 1992, o PSD foi assaltado por políticos profissionais e deixou de ser um espelho da sociedade, pelo que importaria abrir o partido aos respectivos militantes. Depois, lançou farpas sobre o PS que terá conquistado o poder de forma "mágica" e "miraculosa", mas que agora não tem política económica, porque já "fomos ultrapassados" pela Hungria e pela República Checa e continuaremos o "empobrecimento", dado não criarmos condições para o investimento. Fiquei esclarecido sobre a sapiência do Banco Português de Negócios e respectivas regiões autonomas.




Tudo seria diferente se Leonor Beleza não estivesse agora com todo o seu "tempo" e toda a sua "energia" ao serviço da Fundação Champalimaud, nomeadamente com a construção da sede no Guincho. Que Manuel Dias Loureiro não andasse pela Sociedade Lusa de Negócios. Que Manuela Ferreira Leite não fugisse de ser presidente da distrital de Lisboa do partido, ou não se candidatasse a presidente da câmara da capital do país. Mas com Cavaco em Belém, o PSD voltará a ser o "espelho", não apenas da sociedade, mas da nação, e Sócrates que se cuide, porque será com Mendes que os checos, os húngaros, os estónios, os lituanos, os letónios, os polacos e os eslovacos serão definitivamente ultrapassados. Porque os portugueses se vão definitivamente esquecer da história do velho, do rapaz e do burro e darão suficiente cola aos laranjas para que restaurem os "cacos" dos tachos perdidos. Que, depois do Mendes, chegará o Borges...