a Sobre o tempo que passa: PSD. Entre Borges e Barretos

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

9.4.05

PSD. Entre Borges e Barretos



Espreito, ao de leve, televisiva e radiofonicamnete, a primeira da telenovela de três semanas que nos vai trazer o jogo da reafundação da direita lusitana. Pombal é o princípio, onde se aglomeram os donos de um poder perdido, mesmo que, nos interstícios, permaneçam, aduncamente, jagunceiros serviçais e capatazes. É assim que vejo passear o Borges que eu conheci no grupo de Ofir do CDS de Lucas Pires, em tempos de Bloco Central, quando o PSD era Álvaro Barreto, Mota Amaral e Rui Machete, então plenamente recentrados sob a batuta do soarismo, quando este havia metido o socialismo na gaveta e ainda não tinha chegado à Figueira a esquerda moderna de Cavaco, nem, ao povo, os fundos estruturais da então CEE.



Assisto à breve entrevista de um apoiante de Mendes, um tal plantador de eucaliptos e envernizador de tacos de golfe, que vai tecendo loas à justiça da social-democracia, clamando contra o discurso "populista e demagógico" do sportinguista, presidente da câmara de Gaia. Confirma-se como os ex-grandes do reino preferem o cinzentismo lobístico do "granda nóis", onde os senhorecos de antigamente querem continuar. A navegar à boleia e à bolina, para que se perpetue a barganha, sem vergonha, onde os pedros e os paulos serão sempre os gladiadores e os preservativos que se usam e deitam fora, para que pilatos possa lavar as mãos em água livre de celulose.