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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

9.4.05

Pelos jovens e idosos! Pelo interior e pelas grandes cidades! Viva o PSD!



Assisto ao confronto Menezes/ Mendes na tarde congressista de Pombal e tento descobrir os sete centímetros das diferenças que os separam, numa altura em que já começam a desfazer-se as expectativas criadas por certa comunicação social, especializada em fabricar a direita que convém à esquerda, a mesma que levou o fafense à doce categoria de civilizado. Menezes clama o "ajuda muito ter vontade, ajuda muito acreditar". Mendes responde que é pela racionalidade e pela inteligência, apesar de também ter sentimentos. Menezes é, de facto, o populismo em figura humana que denuncia "os que fazem fila em São Caetano à Lapa para serem secretários de Estado", porque é "contra o clientelismo e a corrupção".

Já o inteligente de Fafe, exportado para Aveiro, mas residindo em Caxias, tenta libertar-se desse ar urbanizado, mas não consegue deixar de continuar esganiçado, porque todos nos lembramos de quem, como ministro de Cavaco, todos os dias manipulava o próprio ordenamento dos telejornais. Até alguns recordam o director da universidade camarária, nomeado por Isaltino, que, com o apoio dos empreiteiros, depedia os catedráticos que não lhe apoiavam os clientes, só porque se pensava ungido com a aliança que fazia com delegados do Opus Dei.



Já o ovarense, agora gaiado, proclama que vai "estar nas ruas com as pessoas", assumindo o perfil de "imperador das feiras", para ouvir, depois, o tal deputado Mendes, invocando ter "andado pelo terreno", dizer que vai ganhar milhares de freguesias: "não chega apenas termos vontade, temos que ter um projecto", dado que "o poder pelo poder não serve para nada". E o fafense logo esmaga o contraditor, quando diz que, em presidenciais, não interessa o nome, mas o perfil, para logo dizer o nome de Cavaco, que "preenche todos os requisitos". E mais eficaz ainda parece quando culmina: "a credibilidade em política é daqueles bens, como a saúde, só lhe damos valor quando a perdemos".

Ficámos esclarecidos. Pena foi que a locutora da TSF tenha conseguido prever, palavra a palavra, o que Mendes acabou por dizer, assim demonstrando a tal lógica da pescada que, antes de o ser, já o era. Até porque Mendes, além de ter causas, enumera-as, sem qualquer demagogia ou populismo: "nós temos preocupações com os jovens, mas também com os idosos, com o interior, também com as grandes cidades". E assim conquistará, naturalmente, "respeito, confiança e credibilidade", usando palavras como "mudança, reformismo e inconformismo".