Pela criação de um Senado Regional de Lisboa!
Para os devidos efeitos, comunico aos meus estimados leitores que formalizei hoje a minha saída definitiva da condição de eleitor do concelho de Oeiras, dado que transferi o meu domicílio capitaleiro para o velho concelho de Belém, lá para os lados da Rua da Junqueira. Não o faço devido à eventual candidatura de Isaltino de Morais como independente, nem porque me tenha entusiasmado com a emergência de Manuel Maria Carrilho, mas tão só porque encontrei, finalmente, uma varanda diante desse rio que passa na nossa aldeia, a que dão o nome de Tejo, nessa praia que sempre foi partida. Assim mobilizado por estes belos assuntos do quotidiano, atenuarei o meu ímpeto blogueiro durante alguns dias, com algumas visitas à Loja do Cidadão e a consulta de empresas de mudanças, em sentido literal. Mais acrescento que, graças à generosa lei das rendas em vigor, que conserva o ritmo da emitida em 1916, o inquilino a que sucedi mantinha o contrato de 1910...
Não interpretem, pois, alguns dos meus silêncios como qualquer tipo de metáfora política. Pelo contrário, desencadearei imediatamente um movimento para a restauração do concelho que teve como presidente o meu querido Alexandre Herculano, quando, em pleno século XIX, Lisboa tinha uma estrutura administrativa mais próxima daquela que hoje tem Paris, mas que o esquema viciado da micropartidocracia impede que seja sequer visualizado pelos ilustres administrativistas e reformadores do sistema político. Sugiro que os meus amigos António Costa e Eduardo Cabrita reparem na necessidade urgente de tanto sermos regionalistas e federalistas para cima como para baixo, reinventando os espaços vicinais das novas formas de convívio urbano.
Proponho portanto, deste meu canto da Junqueira, junto ao Palácio de Belém, que se liquide a junta metropolitana, restaurando o governo regional do Senado de Lisboa, entendido como federação de pequenos municípios, de maneira a acabarmos até com as artificiais fronteiras que nos separam de Oeiras, da Amadora, Sintra ou de Loures, criando uma nova dinâmica adequada à efectiva circulação das pessoas. Desta maneira, não teríamos que observar a disputa de Seara e Soares em Sintra, libertaríamos Marques Mendes do incómodo de ter que escolher a Zambujo contra Isaltino e entraríamos num modelo próximo às grandes urbes europeias de hoje que, por acaso, se aproximam muito do que vem na história da velha Lisboa, antes de traduzirmos em calão o direito administrativo do jacobinismo francês que nem a Gália já segue.
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