Os labirintos do solstício e a míngua da verdade
A chegada do solstício de Verão e do respectivo labirinto fez com que as notícias em Portugal continuassem a padecer de tédio, porque tudo antes de o ser já o era. Ontem, como hoje, um jovem suicida-se na Bobadela. Um preso enforca-se em Alcoentre. O SEF detém um russo. A seca afecta os cereais. 10 mortos na estrada. Lancha com droga era espanhola. E Fraga Iribarne não perdeu as eleições galegas. Tal como o défice levará a mais um discurso de Manuela Cavaco Leite Ferreira da Silva em apoio da clarividência de Constâncio dos Campos e Cunha, onde Sócrates podia ter sido quem já foi e há-de ser mais um dos que prometem mas não cumprem.
A sardinha escasseia, os professores fazem greve de raiva O Prof. Keita promete resultados absolutos. A Rute é a nova celebridade das celebridades. O prof. Fofana dá facilidades de pagamento. Portugal sem a Europa não existe. O prof. Bambo alivia a inveja. Lisboa está mais cara este ano. O prof. Alaje tem dom hereditário. Isaltino Morais candidata-se. O prof. Karamba já tem mail. Fátima Felgueiras vai regressar. O prof. Abdallah alivia as dificuladades de engravidar. João Soares com Coelho ameaçam o Professor Seara. E a Linha de Sintra vai de Lisboa para o "far west".
É por todas estas que me meti em ler poesia medieval e fiquei pelo sirventês de Airas Nunes de Santiago:
Por que no mundo menguou a verdade,
punhei un dia de a ir buscar;
e, u por ela (me) fui (a) preguntar,
disseron todos: "Alhur la buscade,
ca de tal guisa se foi a perder,
que non podemos en novas aver
nen já non anda na irmãidade."
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