Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...
• Bicadas recentes
Estes "breves aforismos conspiradores, sofridos neste exílio interno, lá para os lados de São Julião da Ericeira, de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico..." começaram a ser editados em Setembro de 2004, retomando o blogue "Pela Santa Liberdade", nascido em Maio de 2003, por quem sempre se assumiu como "um tradicionalista que detesta os reaccionários", e que "para ser de direita, tem de assumir-se como um radical do centro. Um liberal liberdadeiro deve ser libertacionista para servir a justiça. Tal como um nacionalista que assuma a armilar tem de ser mais universalista do que soberanista". Passam, depois, a assumir-se como "Postais conspiradores, emitidos da praia da Junqueira, no antigo município de Belém, de que foi presidente da câmara Alexandre Herculano, ainda de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico, nesta varanda voltada para o Tejo". Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
Este portal é pago pela minha bolsa privada e visa apenas ajudar os meus aluno. Não tive, nem pedi, qualquer ajuda à subsidiocracia europeia ou estatal
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21 de Fevereiro de 1848. Portugal, o país mais marxista do mundo!
Hoje, há três coisas neste dia passadas, mas noutras eras, que merecem recordação: em 1972, Richard Nixon visitou Pequim, abrindo as portas da globalização; em 1970, Marcello Caetano transformava o anti-partido do partido único do salazarismo que, mantendo-se a mesma treta, mudava o nome de União Nacional para Acção Nacional Popular; em 1848 era publicado o Manifesto Comunista, de Marx e Engels.
Nixon já morreu. Marcello Caetano já morreu. Os cemitérios estão cheios de insubstituíveis. Só as ideias vencem a lei da morte. E algumas instituições que, assentes numa ideia de obra ou de empresa, conseguem praticar algumas regras de processo que obedeçam a princípios gerais de direito e gerar manifestações de comunhão entre os aderentes. Nixon já morreu. Marcello Caetano já morreu. Marx está vivo. Foi um dos maiores pensadores universais. O seu partido comunista, na versão PCUS, reinterpretada por Lenine e Estaline, implodiu. Mas o seu SPD ainda aí está, graças a sucessivos revisionismos, nomeadamente ao de Eduard Bernstein que, entre nós, é considerado mestre por José Sócrates, Francisco Pinto Balsemão e Aníbal Cavaco Silva. Basta recordar que também Lenine e Estaline eram militantes do PSD russo.
Por outras palavras, no dia do manifesto de Marx e Engels, importa recordar que o Portugal político é o país mais à esquerda da Europa, dado que a esquerda dominante é socialista democrático e a oposição liderante de direita é social-democrata. Isto é, tanto a esquerda como a direita ainda continuam marxistas, não-leninistas, mas revisionistas. No rigor da ideologia e da história, esta é uma afirmação correcta, embora politicamente incorrecta.
Porque ninguém pode negar que o PPD fundacional admitia a inspiração marxista, que o PS era claramente marxista e que até o CDS de Freitas apresentava projectos de constituição em nome do socialismo humanista. Porque ninguém pode negar que a própria JSD chegou a adoptar "A Internacional" como hino da organização, quando fazia congressos com os retratos de Marx e Engels na parede. Porque ninguém pode negar que o PSD retirou o marxismo do programa bem depois do PS de Constâncio o ter concretizado, copiando ambos o que o SPD tinha feito no Congresso de Bad-Godesberg de 1959. Coisas bem mais substanciais do que a habitual historieta que põe Durão Barroso como jovem maoísta do MRPP antes de passar para presidente da Comissão Europeia, com prévia passagem pelo centro de desmarxização universal, anti-Bin Laden, da universidade de Georgetown, onde precedeu Nuno Severiano Teixeira.
Talvez até ainda possa ser até mais correcto: Portugal político é o país mais hipócrita do mundo. Porque fez partidos de cima para baixo. E só sobreviveram os que saltaram para o cavalo do poder governamental na ditadura revolucionária dos governos provisórios (PCP, PS e PPD), ou o que teve assente no Conselho de Estado da altura (CDS). Assim se repetiu o salazarismo, que também criou o partido único da União Nacional por resolução do conselho de ministros: Tal como o partido democrata-cristão do Centro Católico Português foi instituído por deliberação da conferência episcopal em 1917. Somos obedientes, reverentes e obrigados, filhos da Inquisição, do devorismo e do partido único de Afonso Costa. Isto é, temos medo do Estado.
E depois de 1974, porque era moda, fizemos democracia com partidos onde os dirigentes estavam à esquerda dos militantes e os militantes à esquerda dos votantes, com imensos fantasmas de direita e imensos preconceitos de esquerda. Felizmente, fomos escrevendo direito por linhas tortas e fazendo história sem processo histórico, porque não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história, mesmo sem saber que história vai fazendo. Por isso é que Marx merece o meu respeito. Viveu como pensou e não pensou como viveu. Marx ainda está vivo. Nixon e Caetano já morreram. Contudo, sempre preferi o partido de Alexis de Tocqueville e de Alexandre Herculano. De Leonardo Coimbra. E de Agostinho da Silva. Não alinho nos grupos revisionistas que transformaram antigos ministros de Salazar e Caetano em inspiradores ou neo-ministros. Viva Marx que nunca foi marxista!
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