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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

17.2.06

As explosões de Saturno, os carpidores-mores da república, memórias, irmã Lúcia, privatizações e fuga ao segredo



Uma poderosa tempestade está a abalar o corpo gasoso do planeta Saturno, o tal que tem cem vezes a massa da Terra, sítio onde ainda nos dividimos invocando um Profeta do século VII depois de Cristo, neste século I depois de Bill Gates, onde ainda tememos a gripe das aves e continuamos pequenos demias face ao mundo, face a um tempo que é eternidade e face a um espaço que é infinito.

Daí que seja pequenina demais a questão Freitas, essa peça menor de uma máquina anónima que se pensa maior do que o seu próprio país, só porque se considera como uma espécie de monopolista da racionalidade importada, quando não passa de um cadáver adiado que procria decretos e nomeações burocráticas. Quase se assemelha a outros entes dessas outras eras em que ainda vivem, como o prtenso carpidor-mor da república, a quem encomendam homenagens e "reprises", só porque não tem coragem para descrever suas memórias.



Que hoje, sexta-feira, dia 17, se recorda o que se passou no ano de 1927, na sequência do falhado golpe do reviralho de 3 de Fevereiro, quando o apoio à Ditadura pré-salazarenta ainda conseguia sair à rua gritando contra a maçonaria, considerada a inspiradora da movimentação liderada por Sousa Dias. Tal como também é de lembrar o começo da assinatura do Acto Único Europeu de 1986, já quando estávamos formalmente integrados na então CEE, começando uma saga que tanto deu Maastricht e Nice, como o falhado tratado constitucional, só porque o decretino dos eurocratas tratou de comprimir a alma europeia e os homens livres que dela fazem militância.

Dizem as notícias que, depois de amanhã, o corpo morto da irmã Lúcia descerá à terra que a viu nascer, mas as televisões aproveitam a ocasião para transformar o sagrado numa reportagem sobre a venda de artigos religiosos em Fátima, confirmando-se que os escritos da vidente estão em bom lugar no "ranking" ads vendas, depois da Bíblia e da encíclica papal. Apenas diremos que o mau-gosto e a falta de bom-senso continuam, sem ser por causa dos "cartoons" de Mafoma, até porque Fátima era o nome de uma das filhas do mesmo.



Dizem também que o governo socialista se prepara para a venda dos últimos restos de participação do Estado nas cem empresas que restam do próprio socialismo. Ficará para a ideologia o eterno comunismo burocrático e a rede banco-burocrática do chamado capitalismo de Estado, tentando salvar a anunciada falência da segurança social.

Finalmente, sabe-se que polícias e magistrados entraram numa redacção e no domicílio de um jornalista, apreendendo computadores e tentando assim deter a rede que tem permitido sucessivas fugas de informação judicial. Como se quem bebe do fino não soubesse como informalmente se mantêm redes informais de recolha de informação junto do esquema de acesso a circuitos ditos de segredo de justiça, de segredo fiscal, de segredo bancário ou de segredo de Estado ou de simples e lucrativa "inside information", onde a falta de deontologia e o desleixo permitem a montagem de esquemas da velha persiganga, sem qualquer profissionalismo do tipo cabalístico. Basta ir almoçar a certos restaurantes e tascas e estar de ouvido atento.