Abaixo Santiago Mata-Mouros!
Continuo extremamente preocupado com os novos desenvolvimentos da política euro-árabe, com tchetchenos à mistura, principalmente com o grave afastamento de Costinha do Dínamo de Moscovo, antes da vista do Hamas aos novos senhores do Kremlin. Com efeito, verifico que ainda dispomos de uma ordem honorífica que invoca o Mata-Mouros, essa Ordem Militar de Santiago que, seguindo a Wikipédia, é uma ordem religiosa-militar castelhano-leonesa instituída por Afonso VIII de Castela e aprovada pelo Papa Alexandre III, tornando-a assim uma ordem supranacional, directamente responsável perante o chefe máximo da Cristandade.
Muito wikipedianamente, reparo, com efeito, que o presidente Sampaio, na sua actividade condecorativa, decidiu semear esse honorífico título de pró-Cavaleiros de Santiago, os chamados de Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera - ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista), aos que não têm que provar que fizeram votos de pobreza e de obediência, mas, onde, seguindo a regra de Santo Agostinho ao invés da de Cister, os seus membros não são obrigados ao voto de castidade, e podendo como tal contrair matrimónio (alguns dos seus fundadores eram casados). No entanto, a bula papal recomendava (não obrigava) e o celibato, e os estatuos da fundação da Ordem afirmavam, seguindo um princípio das cartas paulinas:"Em castidade conjugal, vivendo sem pecado, assemelham-se aos primeiros padres apostólicos, porque é melhor casar do que viver consumindo-se pelas paixões".
Neste tempo de etnonacionalismos desenfreados, sugiro que o senhor ministro dos estrangeiros, na sua saga de luta contra o choque de civilizações, desencadeie uma providência cautelar decretina que deixe de qualificar o nosso ilustre mérito literário, científico e artístico com esse nome agressor e que o actual presidente Sampaio e o futuro presidente Cavaco façam o necessário revisionismo histórico, a que deve acrescer o protesto diplomático junto de Madrid, para que em Ceuta deixe de flutuar a portuguesíssima bandeira que reconquistou a praça no ano negro de 1415, para voltarmos a assumir a era pré-Martim Moniz, lembrando a todo o mundo que Lisboa é a única capital da Europa Ocidental onde já foi poder o Islão Político. Eu, pelo menos, acabei de lançar para o caixote de lixo da história, um convite recebido para uma cerimónia de imposição de tal prebenda em nome de Belém e confesso ao João Gonçalves que, apesar de residir a menos de cinquenta metros do palácio de Belém, não fui contactado para o efeito.
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