a Sobre o tempo que passa: Atentado anarquista contra o ditador e o perfil dos novos ministros

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

4.7.06

Atentado anarquista contra o ditador e o perfil dos novos ministros

Nesta data, no ano de 1936, Salazar esteve para se transformar num santinho do altar, ao estilo do franquista Luís Carrero Blanco, ao ser vítima, falhada, de atentado bombista, onde entrou Emídio Santana e o grupo anarco-sindicalista que o Estado Novo desarticulara, deixando a nossa classe operária e o processo de subversão do Estado sob a égide da oposição celular e estalinista do PCP e da estética neo-realista. Afinal só cairia da cadeira em fins da década de sessenta e lá da tumba de Santa Comba ainda veria o regime aguentar-se mais meia década, porque, por cá, os regimes não caem à bomba nem à urna, caem de pôdres.

Depois de tantas críticas que aqui fiz a Diogo Freitas do Amaral, quero manifestar-lhe o meu sincero estimo as melhoras, para que o execelente professor e razoável dramaturgo possa voltar ao seu melhor. Julgo que, dentro do socratismo, os novos ministros eram inevitáveis, embora, dentro do PS se pudessem mobilizar figuras como Francisco Seixas da Costa, se o Primeiro-Ministro optasse por criar uma alternativa ao gamismo e ousasse dar voz a um criador. Mesmo para a defesa, se se optasse por uma glória que ainda sabe jogar, ainda anda por aí um José Medeiros Ferreira que também é açoriano como o Amado e da Nova como o Severiano. Mas estes dois cumprirão no essencial da presente renovação na continuidade, como era estratégia da coabitação presente e dos objectivos de consenso nacional do presente silogismo, onde Luís Marques de Almeida foi para Bruxelas e Armando Marques Guedes ainda é o patrão do Instituto Diplomático, como o não reclama toda a inteligência nacional que pensa as relações internacionais. Assim, tanto os militares no activo como os diplomatas em idêntico estado vão respirar de alívio e colaborar com gente de bem e inteligência superior, o que, sendo menos mau, já é muito bom. Até eu darei, com estes ministros, tudo o que achar de patriótico interesse, mesmo que não me seja pedido. Com eles, volto a ser humilde soldado institucional do interesse nacional.