Memórias de marechais devoristas feitos duques e de um Sá que, por não vencer na pulhítica, nunca foi vencido da vida
Até porque hoje se comemora a independência de São Tomé e Príncepe, de 1976, e o começo de mais uma das guerras civis da primeira metade do nosso século XIX, neste caso, a chamada revolta dos marechais do devorismo contra os setembristas moderados, de 1837, e que vai devastar o país num desses tradicionais verões quentes, durando até Outubro seguinte, com a derrota de Saldanha e Terceira e a vitória de Sá da Bandeira que, apesar de muitas vitórias, nunca deixaram que vencesse.Foi Pessoa a dizer que vencer é ser vencido.
Dos factos memoriados, se fôssemos maquiavelianos e positivistas, poderíamos induzir duas leis sociais. Primeiro, que somos vítima do clima, pelo que decisões em cima de Verão e em dias de capacete dão quase sempre tanta raia quanto as dos homens sem sono, em plena bebedeira ideológica, numa aproximação ao recente modelo maubere. Segundo, entre nós, a autenticidade, de vivermos como pensamos, sem pensarmos como vivemos, não costuma ser boa inspiração para políticos profissionais, nem bom conselho para quem tem ambições de ser ou continuar ministro. Tipos como o tal Sá Nogueira que, ficando sem braço, no Alto da Bandeira, passou ao nome com que ainda é conhecido, nunca chegam a duques.
E por hoje quase tudo. Vou mais logo para membro do júri de mais uma agregação na Faculdade de Direito e talvez não tenha espaço para amanhã rememorar a data de 1834, sobre as eleições para a Câmara dos Deputados do devorismo, para assinalar as terceiras aparições de Fátima, de 1917, e para escrever mais longamente sobre a carta de D. António Ferreira Gomes, então bispo do Porto, a António de Oliveira Salazar, então sem coragem para concluir que o regime, com a "eleição" de Américo Tomás, tinha acabado de perder toda a legitimidade. Morerra, mas manter-se-ia, infelizmente, até 1974...
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