a Sobre o tempo que passa: Recordando 1415 e um falso referendo posterior ao 1º de Dezembro de 1640...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

3.11.07

Recordando 1415 e um falso referendo posterior ao 1º de Dezembro de 1640...



Pouco interessa o novo emprego de antigo Marques Mendes e energias renováveis ou o que aconteceu ao antigo chefe de gabinete de António Vitorino em matérias hoteleiras, quando o Belenenses fez empatar o Porto e o fisco decidiu penhorar jogadores do Boavista. Reparo que Sócrates vai enfrentar Santana no parlamento, e não nos comentários do telejornal, quando o PSD já disputa com o PS a liderança da sondajocracia. Ao que consta, Sócrates prepara-se para replicar à liderança tricéfala do PSD. Vitorino já desempenha funções semelhantes às de Marcelo e resta saber quem poderá assemelhar-se a Santana, falando uns em Manuel Alegre e outros em António José Seguro.

Com efeito, a monocracia socrateira, com Novas Fronteiras aos fins de semana, mobilizando excursões de velhotes para a FIL, onde antes de uma volta pela EXPO, têm que bater palmas ao discurso de Gago sobre a exportação de tecnologia, são bem menos mobilizadoras do que a participação de comentadores laranjas da futebolítica nos "talkshows" para treinadores de bancada. O PS bem tou mobilizar alguns senadores para o efeito, mas Soares, por exemplo, apesar de ausente, continua a querer ser interventivamente presente e Almeida Santos sempre pode voltar a defender o aeroporto da Ota, com o argumento de um eventual ataque terrorista à nova travessia do Tejo.






Por estas e por outras é que andei a navegar à procura de outras notícias internacionais, passando pelas Espanhas, para tentar perceber se os catalães do La Caixa mexeram algumas coisinhas nestas manobras do BCP e do BPI, notando como os "juancarlistas" estão quase todos no PSOE e nos movimentos autonomistas não secessionistas, dado que os populares e os catolaicos até começam a desferir farpas contra os Bourbons. Reparei também que os reis decidiram visitar Ceuta, pela primeira vez, com imediatos protestos marroquinos. E, em homenagem a essa cidade, decidi encimar este postal com a bandeira dessa entidade que conserva símbolos oriundos de 1415. Aliás, depois do 1º de Dezembro, Ceuta passou para a obediência de Madrid, não por referendo popular, mas por uma decisão das elites, a que alguns historiadores espanhóis chamam "plebisicito popular". Mas a actual página do Exército espanhol é mais rigorosa:
Tras el alzamiento/ levantamiento independentista portugués, en 1640 en Lisboa, fue proclamado Rey de Portugal, el Duque de Braganza, bajo el nombre de Juan IV. Se desataría una guerra entre los dos países. Mientras esto sucedía en la península, en Ceuta debido a que el Gobernador, Francisco de Almeida, por sus inclinaciones políticas, excesiva prudencia, falta de confianza o temor a la opinión popular, no se decantaba, de forma clara, por ninguna de las opciones, las personas más influyentes de la ciudad: (Contador, Juez, Oidor, Escribanos, Almojarifes, Adalides, Capitanes de las dos Banderas, Alcaides de Mar, Oficiales de Guerra y Hacienda, Eclesiásticos, Caballeros e Hidalgos) decidieron en plebiscito, por abrumadora mayoría, mantenerse fieles a la legalidad vigente y continuar bajo la Corona española, representada por el Rey Felipe IV de España y III de Portugal.