a Sobre o tempo que passa: Continuando a ser do contra

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.4.08

Continuando a ser do contra


Hoje, no jornal Público, vêm umas declarações minhas, muito incorrectas. Aqui as deixo:


Apontando que "a política é a arte do possível, da barganha e da negociação", Adelino Maltês diz que Sócrates estava condenado "a resistir na educação" porque não demitiu a ministra quando remodelou Correia de Campos. "Mas depois veio a história do telemóvel...", assinala. E virou-se uma página. "A questão aqui é uma avaliação a menos porque não vai ser levada até ao fundo. É um processo político para estancar a rua que, em termos de sondagens, teve efeitos imediatos", analisa. E, com uma boa dose de ironia, antevê que se José Sócrates quiser repetir a maioria absoluta só terá que aplicar uma receita: recrutar Joana Amaral Dias para a Educação, sustendo a ascensão do BE, e convidar José Miguel Júdice ou Maria José Nogueira Pinto para fixar o eleitorado do centro-direita.


Agradeço ao meu Primeiro-Ministro, o facto de ainda não ter chamado o Intendente Pina Manique, para o controlo das minhas veemências críticas e discursivas, no oposicionismo que tenho usado, neste blogue, relativamente à respectiva conduta política. Muito obrigado, chefe! Continuarei a usar de pouca correcção política no exercício desta cidadania.


Porque recto é o que vem de recta, e recta ninguém a faz sem régua, quando muito procura imitá-la. Daí que, na balança, o velho símbolo da justiça, se tenha usado do fiel para se saber se os dois pratos, de bi mais lanx, que deu bilancia, estavam equilibrados, tendo em vista o indicador, o fiel, que quando estava direito, se disse de mais rectum, ou jus derectum, donde veio direito, definindo-o como o que não é torto.


Há, no entanto, quem não procure a perfeição de imitar a recta e o confunda com a velha correição, do acto de corrigir e da reprimenda, donde veio o corregedor, o regedor, o reitor e director, bem como o dito corrector que, segundo o dicionário, é o que corrige, que prega moral, o censor, o título de certos administradores de província. Onde província é a romana zona de pro vincere, o sítio de conquista, onde se desembarca para ocupar e vencer, esquecendo-se que vencer é ser vencido.