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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

3.4.08

O situacionismo governamental e parlamentar e o situacionismo presidencial e autárquico


Ainda há pouquinho, uma rádio pedia que comentasse a proposta de Menezes sobre a realização simultânea das autárquicas e das parlamentares. Apenas disse o que tem sido a minha base analítica costumeira, salientando que PS e PSD são dois rostos do mesmo Bloco central, onde o primeiro domina o situacionismo governamental e parlamentar e o segundo, o situacionismo presidencial e autárquico. Porque os oligopolistas da presente partidocracia, como efectivos partidos pilha-tudo (catch all), se assumem como grandes federadores de grupos de pressão e de grupos de interesse.


Trata-se de um jogo dos tradicionais influentes, ou caciques, no processo de alinhamento neofeudal, em torno da procura dos benefícios da mesa do orçamento, quando, face aos dois situacionismos do mesmo Bloco central, há dúvidas quanto alinhamento do poder económico-financeiro, do poder dos patrões da comunicação social, do poder sindical e do poder eclesiástico, bem como uma forma de clandestina implantação dos círculos uninominais.


Aliás, quando Jaime Gama veio reconhecer o situacionismo madeirense, o presidente do parlamento apenas proclamou a necessidade de um tratado de tordesilhas entre os regeneradores e os progressistas, neste rotativismo de alternâncias sem alternativas. E o mais certo, com os dados circunstanciais da opinião pública que temos disponíveis, é que a presente campanha eleitoral desague em nova vitória socrática, mas sem maioria absoluta, para gáudio dos engenheiros feudais do presente sistema, com os seus gestores de pilotagem automática. Daí o encravanço a que ontem foi sujeito o ministro das finanças no parlamento, quando revelou nem sequer ter informação sobre os milhões de investimento "off shore" de parcelas estaduais da nossa economia e da nossa finança.