a Sobre o tempo que passa: Lá vem a nau catrineta, que não tem nada para contar...a não ser delírios em noite que cheira a Verão

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

20.5.10

Lá vem a nau catrineta, que não tem nada para contar...a não ser delírios em noite que cheira a Verão


Passos Coelho entrevistadeu-se. Muito simpático, muito bom aluno, muito cordato, procurando o círculo dentro do quadrado, o quadrado no círculo, circulando, quadradizando...

Apenas confirmou que há Bruxelas e que, por enquanto, nada de crise política, nada de eleições, só boa fé e os relatórios mensais e trimestrais da UTAO, essa entidade mágica que é o que é, e não tem tempo para ser reforçada, a não ser que peça mais um relatório ao Banco de Portugal, que é tão ou mais independente e que já nisso deu raia...

Um dia, no PREC, Almeida Santos, quando ainda era Necas, qualificou-nos como um manicómio em autogestão. Agora, tudo como dantes, com os gestores Sócrates e Cavaco, mais os socratinhos, mais os cavaquinhos, o Afeganistão, o cavaquistão e o país das maravilhas. Até Jorge Coelho diz que só um maluco é que agora pode dedicar-se à política...

Registem-se as palavras emitidas por Belmiro, Salgueiro, Ferraz ou Ulrich. Onde se denunciam a falta de verdade, a falta de juízo e o inverosímil de altos responsáveis políticos...

Que ministros e secretários de Estado continuam respectivo desfile. Secretário de Estado das arcadas diz que os impostos serão retroactivos, Sócrates desmente. E muito bem, mesmo sem reler a análise orgânica da constitucionalidade quando foi do confisco do 13º mês de Soares, citando um financeiro dos tempos da I República que foi quem faz da ditadura um estado novo... Mas nosso Primeiro já nem se dá à maçada de desmentir Mendonça. A Corte precisa mesmo de ministros como Mendonça, para que Jorge Coelho diga que não regressa à política...

E o grande Concílio da Banca decidiu fazer mesmo contas e mandou-nos mudar de vida. "Radicalmente". O BPI levou a coisa à risca e já diz que não vai mesmo servir de intermediário financiador das grandes obras socráticas, do TGV à terceira travessia...nem sequer da auto-estrada que vai de Sines para Beja...

Por mim, gostei imenso de ver aquele ministro cavaquista, feito pelo governo de Sócrates presidente da Caixa, ainda nossa, falar em mudar da dita, para que se pratiquem as reformas necessárias. Fui logo à estante tirar o pó ao manifesto do banqueiro anarquista...

Entretanto, Pôncio Pilatos, governador do reino por vontade estranha, a do império, liberta Barrabás, prefere lavar as mãos e permite a crucificação de quem não devia, no tempo em que também ainda havia penas pesadas para ladrões, incluindo os bons malandros...

Vale-nos o Moirinho, que nem por causa do nome deixou de ser recrutado pelo Pinto que costuma vê-los na Costa, como nosso vingador, que venceu mais torneios do que o Magriço. E aquela corneta cor de laranja com que vamos soprando as frustrações que nos elevam da Covilhã à terra de Mandela, pois mandalas é que nos fazem falta. Soprai, soprai, como manda o reclame da Galp!...

As notícias continuam a explodir, revelando uma turbulência de quase "out of control". A nau do Estado pode ter timoneiros e candidatos rotativos ao posto, mas não sei se já tem leme. Até o GPS, que permitia a pilotagem automática da governança sem governo, parece avariado e tem de fazer "upload" directamente nas Caves da Barroseira...

Há nuvens de cinza arrastadas do além que não nos deixam navegar à vista da costa, a dos mouros, e, no mastro real, os gajeiros do costume já não são tão porreiros. A nau catrineta já não tem muito que contar...

Pena que o TGV se fique pelo poceiro das boa intenções. Que o aeroporto seja um barrete verde. E que a terceira travessia não seja a do quinto império, aproveitando o que já está feito no Bugio. Nesse Tagus que não é "park", nem porto que seja "free", mas mar da palha de Abrantes, sem quartel-general, como dantes. Nem manifesto antidantes...

Pedimos desculpa pela interrupção. O programa do mais do mesmo segue dentro de momentos, mesmo que já nos dêem pelo fiado, para as obras de Santa Engrácia...

Por trapalhadas de menos desculpas s.a.r.l., bem de somenos, pôs Sampaio Santana a andar. Claro que o líder da oposição vai passar entre os pingos de chuva, dado que nosso anticiclone e a "mainstream", dita do Gulf, já nos dão sinais de Verão que, em plena época dos incêndios, terá, pelo menos, três relatórios da UTAO, já reforçada, com as verbas que estavam afectas à sala de fumo de São Bento!