Mandarins, velhacos e bandalhos
Neste Portugalório, cada vez mais pobre país, porque nele mandam os pobres de espírito, vou, por vezes, peregrinando por sítios sem acesso à net, tendo que deslocar-me à vila mais próxima, em busca de um dito cibercafé para ler o que vai sendo semeado. E como não resisto à tentação, é de um deles, que envio uma breve entrada, perante a provocação que ontem lancei, enquanto ao meu lado, um desses emigrantes eslavos vai teclando "mails" para a família.
Porque não quero ser um desses expatriados, sem direito a chão moral da história, confirmo: sou conservador, não sou neo-conservador. Sou liberal, não sou neo-liberal. Sou tradicionalista e radical, não sou de meias-tintas. Logo, não temo disparar em todas as direcções, não por explodir a torto e a direito, mas porque pretendo viver como penso e cumprir o objectivo estratégico de ser um esforçado soldado das ideias que professo.
E como não tenho a divinal arte de escrever direito por linhas tortas, é inevitável que, de vez em quando, me entorpeça. Mas, mesmo quando caio, ouso querer levantar-me. E depois de pecar, sei que posso arrepender-me. A esperança semeia esperança.
Por isso, solicito aos ilustres mandarins que por aí semeiam velhacos e velhacarias para deixarem de ameaçar-me e de pressionar directamente os meus colaboradores. Continuarei homem livre. E, se for necessário, porei os nomes aos bois tresmalhados.
Reconheço que a nossa paisagem humana vai perdendo a doçura dos chamados brandos costumes, com essa proliferação de candidatos a jagunços e paginadores do regime, graças aos que ascenderam ao supremo sacerdócio do propagandismo pela via da encomendação feudal e que nos vão tratando como simples objectos das suas acções de vandalismo.
Os velhacos correm o risco de passarem a bandalhos (isto é, de vândalos, conforme a etimologia), esse grau máximo de velhacaria, que utiliza a surtida, a razia, a usurpação e a rapina, só porque não sabem o que é a criação do mundo, só porque temem o ar livre e não sabem cavalgar em toda a sela, preferindo usar as mãos e as pernas dos respectivos serventuários. Só que os vândalos não ficam, passam para o Norte de África. E eu prefiro a casta dos suevos do Noroeste. Havemos de descer para recuperar a terra prometida.
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