A música celestialmente doirada dos apitos coligativos
Vejo a coligação como uma orquestra, mas muito afinadinha, porque a música tem de sair bem (maestro dixit).
Sexta-feira à noite, quando terminarem os presentes bailados que precedem a dissolução, todos poderemos fazer uma adequada análise de mais um case study que não foi produzido pela falhada central de comunicações do governo, mas por alguns estagiários de Karl Rove e pela imaginação delirante de Pedro e Paulo que, entre o histriónico e o histérico, trataram de confirmar como certa estava a teoria da pescada, a tal coisa que antes de o ser já o era, mesmo quando nos aparece de forma congelada.
A grande encenação deste perception's management tanto fabricou a tabua, ou o tabuzinho, de Portas, como o anúncio da Bombardier em dia de fim da nossa pesca do arrasto, como também guardou para o fim da mesma semana a pretensa solução do caso Camarate. Afinal, isso dos novos Chaimite apenas é boa intenção, mas importa vender a coisa como decisão, porque vale mais um "soundbyte" no activo do que cinquenta passarinhos a voar. Governar é fazer títulos de um semanário, com um bom cenário de soldados ao fundo.
Vejo a coligação como uma orquestra, mas muito afinadinha, porque a música tem de sair bem (quem comanda a agenda sou eu).
A técnica da terceira via, com um actor secundário a dizer preto, outro actor também secundário a dizer branco, para que o protagonista possa maravilhar-nos com um programa a cores, é, por exemplo, aplicada com as declarações de Nuno Morais Sarmento a atacar Sampaio, falando numa lógica de «caudilho» e que revelou «imaturidade democrática», para Dias Loureiro poder dizer que o partido não está contra o presidente.
Não tardará que Santana no surpreenda. Que Paulo Portas nos encante. E que a pátria continue a ser pescada. Esse qual é coisa, qual é ela que antes deixar de o ser ainda o era.
Vejo o partido como uma orquestra, mas muito afinadinha, porque a música tem de sair bem (Portas dixit, para compele vulgatizar).
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