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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.2.05

Sugestões para a reconstrução da direita. Conservadores, liberalizai-vos!



Não me considero um conservador típico, porque, por um lado, me sinto mais tradicionalista do que reaccionário e porque, por outro, sendo conservador do que deve-ser, rejeito o conservadorismo do que está, isto é, o situacionismo. Além disso, não alinho com os contra-revolucionários que querem uma revolução ao contrário, preferindo o contrário de uma revolução, mas desde que este possa ser evolução, mudança, procura do melhor regime, ou da boa sociedade, e não manutenção do absolutismo. Logo, fiel ao exemplo de Burke, julgo que a direita nova deve seguir o modelo dessa velha direita britânica ou norte-americana, que, pelo reformismo, sempre apostou na revolução evitada, roubando a energia perdida com certa esquerda que se esgota em torno de ucronias e utopias.

Com efeito, alguns conservadores portugueses, principalmente os que continuam a conjugar em surdina o verbo salazar, persistem nas reaccionárias modernices do maquiavelismo e do novo realismo político, clamando pelo pessimismo antropológico e pelo angustiante cepticismo, como se a direita não pudesse rimar com esperança e tivesse que rejeitar o romantismo. Se reduzirmos o conservadorismo àqueles valores sociais de certas causas confessionais que obrigam o aparelho de Estado a defender valores religiosos, só admissíveis pelas teocracias, correremos o risco de assistirmos ao regresso reactivo de jacobinismos e anticlericalismos. E os dois irmãos-inimigos manterão o ritmo dos colectivismos morais e da consequente hipocrisia social.