A política pós-moderna e nova visão de Portugal vista do pantanal
Leio no "Correio da Manhã" que "entre os cartazes da campanha de Manuel Maria Carrilho à Câmara de Lisboa, que o PS fez afixar por toda a cidade, alguns, como este em Sete Rios, mostram o Parque Eduardo VII, o rio em fundo e as célebres colinas de Lisboa... trocadas de lugar (Castelo à direita e Bairro Alto à esquerda, o mesmo sucedendo com os edifícios do Hotel Fénix e Diário de Notícias, quando a realidade é oposta)". Logo, não posso deixar de louvar essa forma audaz de desconstruir a realidade, mudando o estrutural, para que a conjuntura finja mudar e as esperanças passem a ser conjugadas de acordo com os ritmos pós-modernos. E reparo noutro tópico noticioso que comanda o dia de hoje: "Isaltino espera ajuda do PS na corrida a Oeiras". Sorrio e espero o próximo comentário da Pasionaria de Mendes, a Paulinha de negro vestida, como ontem apareceu na SIC-Notícias, contra o azul celeste da Maria de Belém...
Em seguida, visito o chamado "Portal do Governo", tentando saber em que país efectivamente vivo e deparo com estes mimos ainda não pós-modernos:
Nome oficial - República Portuguesa (Mentira! A primeira palavra da Constituição é Portugal).
Fundação da Nacionalidade - 1143 (Mentira! A nossa autodeterminação data de 1140! Castela e o Papa ainda não mandam cá dentro!)
Instauração da República - 1910 (Deviam meter coisas bem mais profundas, optando entre 1820 e 1974...)
Sistema Político - democracia (Deviam dar um pedacinho mais de especificidade...mais de 95% dos países do mundo podem meter tal coisa, incluindo o Vaticano, por causa do conclave)
Símbolos Nacionais - Bandeira Nacional e Hino Nacional (Querem coisa mais de chefe de repartição? Que tal falar na armilar e nas quinas?)
Língua - português (existem também duas pequenas áreas onde se falam mirandês (derivado do asturo-leonês) e barranquenho. O português é ainda língua oficial noutros sete países e é falado por mais de 200 milhões de pessoas (Camões e Pessoa, apesar de não serem pós-modernos, dariam mais sal à coisa...)
Reclamo um pedacinho mais de imaginação criadora. Sugiram que Carrilho dê um retoque pós-moderno ao mapa, à imagem do que publicámos supra, e que encarreguem Manuel Alegre de traduzir a coisa em português imaginativo. Não façam apenas uma "tradução em calão" do livrinho de bolso que o meu amigo Guilherme d'Oliveira Martins publicou em checo, para propagandear a nossa Constituição...
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