a Sobre o tempo que passa: Contra as sucessivas brigadas do reumático mandarinal que endogamizam a universidade!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

13.11.07

Contra as sucessivas brigadas do reumático mandarinal que endogamizam a universidade!


Anda por aí muito hábito professoral e reitoral dos que não sabem conjugar humanismo, cultura, liberdade e o templo dessas virtudes, como devia ser a universidade. Porque sem este corpo de resistência valorativa, as pátrias poderão tornar-se prisão de aparelhos e de personalizações do poder, por mais que se disfarcem com muitos tecnocratas e partidocratas, em sucessivos jogos de "spoil system", sempre com a "soma zero" a perpetuar ditaduras da incompetência que nos vão amarfanhando.


Por mim, prefiro o risco deste exercício quotidiano da liberdade livre em forma de blogue. Este dever de todos os dias me pensar, diante de todos os outros. Até quando procuro mostrar como o poder dos sem poder incomoda os ninhos neocorporativos, feitos rebanhos cobardes, que apenas assumem os valores da riqueza sem justa causa, do falso prestígio dos sindicatos das citações mútuas, e da mera segurança pessoal do carreirismo. Nessa distribuição autoritária de tais valores através da rede de influências. Onde os que estão no vértice cortesão do situacionismo, promovendo favoritismos, clientelismos e nepotismos, se dizem a elite. Mesmo quando não passam daquelas brigadas de sucessivos reumáticos que costumam bater palmas aos ilusórios vencedores.


Tento que as minhas palavras não pisem as raias da raiva, para que as sementes da revolta se não percam no niilismo das guerrazinhas de homenzinhos, nessa terra de ninguém onde desaparece a própria sede de justiça. Por mim, apenas procuro fazer rimar a liberdade com o risco da desobediência. Por isso, sou, muitas vezes, obrigado a calar. Ainda há tempos nada disse quando um desses jagunços situacionistas, na calada do pátio, se me dirigiu ameaçador, procurando executar aquilo que aprendeu numa das escolas do espírito da António Maria Cardoso. Apenas recordo que, sem reparar, executei o velho gesto da honra mediterrânica, cuspindo no chão que pisava e que o dito cujo procurava galgar. E o projecto de soco não me atingiu.


Deixemos que estes dias sem sentido se diluam no esquecimento, naquelas brumas que se esfarripam no horizonte. Deixemos que o silêncio me revolva. Voltemos a página. Novos sinais nos darão esperança. Um mais um podem ser mais do que a mera adição quantitativa, quando a aliança se sublimar pelos jogos de soma variável da energia cívica e do bem comum. O poder sem autoridade não é poder que convém à universidade. Aproveitemos a ocasião para uma espécie de epigénese, aproveitando os ventos da mudança para abrirmos as portas e as janelas, deixando que as correntes de ar livre acabem com as viroses da endogamia e as bactérias do mandarinato.