Sobre o tempo que passa
Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...
30.12.09
29.12.09
Deliberados reencontros. De Teresa Vieira
DELIBERADOS REENCONTROS
Olhei para a noite e repensei nas palavras do António Alçada naquele nosso almoço em Sintra. Pensei nelas, num sentido histórico, tal como as interpretei. Creio que na historicidade do Saber, há bem mais do que a esperança na mudança da vida que se vive.
Em rigor, acredito num aperfeiçoamento não interrompido, num formar-se uns aos outros dos sentires e nos entendimentos nucleares, o que torna possível estabelecer condições de exigência inegociáveis face ao que nos rodeia; mesmo que a inegociação só exista de nós para nós, já é um princípio de luta cerrada ao que nos desgosta os dias.
Um dia, chegado a Veneza, caiu um amigo comum, o Luís, numa profunda e negra melancolia. Realçámos, eu e o António Alçada, que o que o tinha salvado na estada, fora a ingenuidade que por lá não encontrou. Salvou-o que todas as gondoleiras fossem meretrizes. Salvou-o que a terra tenha sido originariamente um mar, ou o inverso. Salvaram-no as imprecisões lucidas, o eu vejo tudo e já não sou amante. Salvou-o a construção de um carrocel em forma de árvore numa das ilhas que visitou perto de Murano. Afinal, só assim e sem dono nem eira certa, soube cuidar da dinastia dos cantores de rua que por lá encontrou.
Lembrámo-nos, neste almoço, que uma das canções dos cantores de rua, deixara o Luís muito impressionado pois que o refrão dizia numa generosa tradução «Ó amados meus, perdoem-me de que sou culpado? Que mais quer a vossa vida de preço trivial para me condenar depois de atado?»
Olhei a noite de novo e sorrio à pseudo-obediência de que todos somos capazes sem análise de culpa. Recordo agora as palavras de Pascal: «o género humano deve ser considerado como um mesmo homem que subsiste sempre e aprende continuamente».
Nesta constatação, António, também está o sorriso de Deus, ou como dizias, Ele ri-se mas é daqueles que andam por aí a fazerem o mundo como está.
Teresa Vieira
29.12.09 – sec.XXI
28.12.09
Mestres-pensadores e engenheiros de conceitos, da cor do burro quando foge...
Há uma geração lusitana que se sente órfã, desde que acabaram os manuais de Organização Política e Administração Nacional (OPAN) dos dois últimos anos do ensino pré-universitário, dos tempos do livro único, e que geraram, por reacção, os mestres-pensadores das extremas, esquerdas e direitas, que agora vão escrevendo memórias...
Política sem metapolítica é um vazio de alma que qualquer engenheiro de conceitos consegue transformar em falso sistema fechado, e reduzir a um manual de planejamento estratégico, para que apareça um general de alcatifa, ou um catedrático de espiões, invocando o Ocidente, a luta contra o terrorismo, ou o Estado de Segurança Nacional...
Há uma legião carreirista de idiotas úteis que procuram o conforto do posto de vencimento nessas zonas putrefactas da subsidiologia estatista, da universidade acrítica e do negocismo corrupto... Eles adoram teorias da conspiração e já vislumbram nigerianos de turbante em cada banco do avião...
O que resta da presente república dos portugueses continua a ser arrastado por cadáveres adiados que um quarto de hora antes de morrerem continuam emitindo arrotos de música celestial. E ninguém os denuncia como sepulcrais calhaus pintados da cor do burro quando foge, isto é, do pensamento dominante, à Júlio Dantas, em épocas de decadência...
27.12.09
Cintilações. De Teresa Bracinha Vieira
CINTILAÇÕES
Um dia espreitei Alexandre o Grande. Ele sabia do seu posto de vigia que mundos eu espreitava e que ele unira como uma tribo que em comum afinal possuía a religiosidade.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e senti o quanto ele se separou dos seres intermédios na busca do significado armilar dos mundos com vocação de abraço.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e entendi um especial significado sagrado e simbólico de matar para entreabrir portas como quem oferece o beijo quente do êxtase inaugural de um conhecer.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e toquei no início dos caminhos dos grandes sistemas que explicam o que se prescreve e se permite e o quanto a história nos fala também num tom piedoso e repreensivo como quem nos diz que afinal, um dia, não se pode evitar fazer de outra maneira e só na caça cumprimos os vestígios do nascimento do homem, sempre que o homem não mate apenas para obter a presa.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e ciumei o seu perceptor Aristóteles e a sua Macedónia e o seu ímpeto de unir impérios e fundar Alexandria onde hoje procuro uma vez mais o Livro.
Um dia espreitei Alexandre o Grande aquele que expandiu o helenismo também rumo ao Oriente, aquele que erigiu Bucéfala no actual Paquistão, em memória do seu fidelíssimo cavalo que se assustava com a própria sombra e se deixou domar contra o Sol: cintilações.
Um dia espreitei e escutei Alexandre o Grande através do Somewhere in Time, disco da banda inglesa Iron Maiden e creio ter intuído o Helesponto, a actual Dardanelos, estreito na vida de cada um com o grande passo por dar.
Um dia, eu quero espreitar cada um a desembainhar a espada com a qual cortará o nó górdio que impede a revelação das múltiplas verdades, esse que impede a alma do ofício do entendimento, e sem nunca revelar o mistério completo, eu quero espreitar a grande nobreza a prometer-se de novo no Ano que chega, a despedir-se do ano que finda e a cumprir-se na notícia do tempo que todos os seres vivos têm para a mudança.
Um dia espreitei Alexandre o Grande e soube disso na caça de uma palavra evocativa do…Que sabias realmente?
Teresa Ribeiro Bracinha Vieira
25.12.09
Meia dúzia de notas heterodoxas, sem ateísmo nem agnosticismo, de acordo com o dia
Um novo Buda está a ser desenterrado no Afeganistão. A bomba dos talibãs tem nova resposta dos mistérios antigos. Não tardará que se confirme: afinal o Buda foi copiado do deus grego Apolo. Afinal, todas as civilizações universais são filosoficamente contemporâneas. Viva o fundador do abraço armilar: Alexandre o Grande!
Alexandre, Alexandria, Mediterrâneo, Persas que deram aos Árabes a Al-Kimiya e essa mistura de estoicismo e neoplatonismo que provocou Camões e o nosso Renascimento manuelino, contra o dualismo do corpo e do espírito, nessa arte que procura a eternidade contra os dualismos, em nome do "ora et labora", de que resultou Newton e a ciência inteira...
Os símbolos cristãos da natividade e da imaculada concepção, quando deixam a rotina da liturgia, assumem aquela dimensão poética de uma infância que pode dar além, mesmo para os que não são crentes do povo encabeçado pelo Santo Padre. Este estes e os ateus e os agnósticos, há um largo espaço de complexidade, insusceptível da tenaz de certo discurso maniqueísta. Mas todos podem ser homens de boa vontade!
Quando a Igreja de Roma optou por antedatar o dia tradicional de Natal, colocando-o por cima do solstício, não o fez por mero oportunismo. Seria também injusto monopolizá-lo com um banal fundamentalismo. Unir essa religião revelada com os mistérios antigos é convergir em universalismo!
Por mim, sou crente, isto é, não sou ateu nem agnóstico. Só que crenças sempre houve muitas, até as dos que acreditam que pode haver pluralismo entre a unicidade absoluta, que está lá em em cima, e a divergência da vida e da historicidade, que está cá em baixo, entre o macrocosmos e o microcosmos que o pretende imitar pela ascensão mística da conversão...
A metafísica não é monopólio de nenhuma religião revelada. Por isso vou reler esse magnífico livro de José Régio, "Confissões dum Homem Religioso"...
24.12.09
África, mulher - mãe de consistência. Um poema de Teresa Vieira
África, mulher - mãe de consistência
África
Que o teu criador não te fez à semelhança de nada
África
Generoso enigma da razão solta
Quando antes da partida já meu corpo se quedava
África
Meu ciclo de esperança
Minha sedutora ladra que me roubaste de mim
Para me levares às essências
África
Renovadora incessante do desejo
Extensão sólida, miragem real
Com que critério viver-te ?
África
Minha emergência de reconciliação
Meu grande olhar iniciático
Às tuas formas adiro e descalça
Obedeço ao teu pulsar
África
Meu coração central
Tua receita secreta
Aventura de mim a ti a erguer-se do nada
África
Meu frágil dormir
Quando teus sons próximos e longínquos
Me dão a ilusão do silêncio
Enquanto os bichos homens, bichos mulheres
E bichos por superioridade
Feitiçam tuas noites de fortes cheiros
Ai! África mulher-mãe de consistência
Tua lei, minha morte satisfeita
África
Sem intervalo
Melodia lavrada à extensão de perder de vista
Iluminura na bíblia dos meus dias
E sempre novas maravilhas atiçam
Danças de alquimia ao fogo
OH! África
Conclusão do meu destino
Recorte do meu corpo
Espírito exposto ao tempo próprio
Começo sem limites onde já descanso meu cansaço
África
Das cores fortes com nome
Ser tua amante sob as luas
É saciar minha avidez chamada mundo
OH! África
Das trovoadas que rebentam em partos de vida
Universidade inesgotável de saberes
Deixa que enfim
Por mim mesma
Evoque o imperativo de me aceitares
Um pouco
tua.
Teresa Vieira
22.12.09
E tudo o vento vai levando, neste cantinho de moinhos decepados
Partido onde não há votos, todos ralham e ninguém tem razão. Dizia-se do CDS freitista: "um grupo de amigos que cordiamente se odeiam". Repete agora Santana sobre o PSD é "uma federação de pessoas que se detestam". É tudo um problema de fome.
Foi, portanto, penoso ver, ontem, a Drª Manela, armada em Sancho Pança, num discurso para telejornal, não perceber o que ela própria tinha escrito, quando atingia o clímax comunicativo.
Foi, aliás, directamente proporcional ao discurso de Sócrates, no mesmo palácio dos jantares de Natal, numa caricatura de Quixote, elogiando Sérgio Sousa Pinto e Ricardo Rodrigues.
Todos eles são combativos. Pena que faltem moinhos, com tanto ventania...
Hoje foi Sócrates II, na casa da democracia, fazendo má propaganda. Porque a boa propaganda é aquela propaganda que não parece propaganda. Temo que, entre os situacionismos e as oposições, continuem a faltar lugares comuns e sem estes não pode haver diálogo. Temo que os adversários se transformem em inimigos...
21.12.09
Mais aventura e mais pragmatismo, para sonhadores activos
Não salvámos o mundo em Copenhaga, Obama não foi o anjo do Quinto Império, e Deus não fez milagre, como dizia o presidente Lula. A próxima cimeira será no México, onde o aquecimento poluidor é mais sentido. Se tivermos menos mania das grandezas e soubermos distinguir clima de poluição, poderemos evitar o estrondo de tratados com sabor a concertos do novo Maio 68. Grão a grão, a república universal pode vencer!
Prefiro reler Jorge Dias e Sérgio Buarque de Hollanda. O primeiro diz que o sonhador activo, que marca o carácter nacional é o exacto contrário do tal "time is money". O segundo diz que o nosso individualismo tem a ver com a aventura, pela visão de um Paraíso, misto de riqueza mundanal e beatitude celeste. Não costumamos rimar com comemorativismo e subsidiologia.
Sérgio Buarque (na imagem), o pai do Xico que queria desaguar no Tejo e dizia que a festa era linda, bem reconheceu o essencial da nossa permanecente crise: a grande dificuldade de adaptação às virtudes do cálculo que estão na base do espírito da globalização apátrida. Nunca funcionámos com planos colectivos, mas apenas com a procura do paraíso pelos homens concretos, com aventura e pragmatismo...
16.12.09
Do sebastianismo científico ao sebastianismo merceeiro, entre verbeteiros e amanuenses
Alcácer-Quibir ainda nos mata. Depois do "sebastianismo científico", o do esquerdismo marxiano ou fascitóide, e do sebastianismo merceeiro, o da ditadura das finanças, há muitos que anseiam por um qualquer invasor suave que nos traga "a bela ordem", sobretudo se ele chamar "libertação" à efectiva ocupação heterónoma das coisas e das mentes.
Aqui, o essencial no poder conquistado (o estadão a que se chegou) é o dito procurar manter-se, com muita música celestial disfarçando o "apartheid". Quem diz organização, diz necessariamente oligarquia, isto é, a degenerescência da aristocracia, e na véspera do cesarismo, como é típico de todas as ditaduras da incompetência, plenas de bonzos, endireitas e canhotos.
15.12.09
Do poder nu aos anjos decaídos
Hoje, concluirei este habitual ciclo de intervenções públicas em actos de extensão universitária, desde arguição de dissertações e lançamento de livros a outros discursos que nunca divulgo, no "facebook" ou no blogue. Pelo menos, fico mais livre para outras intervenções, sobretudo para fazer a reportagem íntima de certas actividades daquele sacristão que perdeu o sentido dos gestos e a que chamamos regime.
Ainda por estes dias, em vários passos perdidos dos palácios da estadualidade, confirmava esta degenerescência íntima do regime, naquilo que qualifico como privatização clandestina de um antigo serviço público, pela sublimação da velha engenharia feudal da cunha, destruidora da meritocracia.
Prefiro recorrer ao conceito de anjo decaído, desse que, anteriormente, era um anjo bom. Porque o pecado é uma queda, consiste na livre opção destes espíritos criados, que radical e irrevogavelmente recusaram o Reino. E como invocava São João Damasceno: não há arrependimento para eles depois da queda. Continuo a preferir Albert Camus: o espírito revolucionário recusa o pecado original. E assim se atola nele. O espírito grego não pensa nisso. E deste modo lhe escapa.
14.12.09
O vazio de metafísica e a falta de bom senso, ou a democracia apoiada pelo défice democrático...
13.12.09
OBAMA: uma vida útil, um caminho. De Teresa Bracinha
Agora aqui seguem algumas palavras que pretendem reconhecer a descoberta ou o ajuste com a realidade que se mostra diversa e una num jeito fresco de assumir a política.
Em rigor, a realidade a que me refiro é aquela que fica algures pelo meio de uma viagem e é desse meio que, espero, cada um retire a melhor água.
Vejo hoje, aqui e além, referirem-se a Obama de jeito incisivo por excesso e sem a clemência com a qual ele nos pretendeu entender durante a sua vida e a sua carreira política.
Julgo que muitos os que se lhe referem com perfídia e invídia mal disfarçada, ainda não entenderam que o trágico mulato não é ele, é sim, a tragédia parda que todos somos sempre que não conseguimos superar-nos.
Há que dizer que Obama não está ligado a causas perdidas; Obama sobreviveu até hoje ao processo demolidor de quem luta para pagar conta própria e forte conta alheia na escuridão do vazio, num momento em que os fundamentalistas da própria estupidez nos tentam condenar a todos.
Assim, e que mais razões não existissem para suportar uma vida cheia de renovação interpretativa em si mesma, como tem sido o caso do percurso de Obama, eis que ele nos propõe uma aposta, uma possibilidade e uma possibilidade a festejar sobretudo quando as realidades da política comezinha fermentam numa enxurrada coxa e desentrançada de ideais ou causas.
Tenho para mim que o contexto em que surgiu Obama é aquele em que as arestas vivas só aceitam quem de coragem as enfrente.
Devo dizer que não tenho visto até à data, um Obama que discorda cansativamente de tudo; um Obama alheio às humilhações e fúrias, às violências e aos desesperos de um mundo em queda.
Atrevo-me a frisar que em muitos dos seus discursos, reside a força de uma inocência lúcida, inimaginável numa idade adulta e que nos faz pensar nas já adulterada crianças que pelos dias de hoje, tão cedo a perderam, e, sobretudo, sem que ninguém assuma a responsabilidade desse crime imputável a quem o devia ser e de pleno.
Há quem não imagine sequer que uma velha máquina de costura pedalada por quem não retira os olhos do tecido que ponteia, tem o direito de ocupar um lugar na economia mundial, tem direito a sonhar com netos e a descansar e a percorrer enigmas e a decifrar os dias e a aceitar o quanto é doloroso não poder confiar totalmente em alguém.
Que argumentos se utilizaram em favor dos direitos que acima se referem? Quem se assume co-responsável na desconstrução do contrato natural?, e ainda assim ouse oferecer liderança em saltos cruciais através dos tempos?
Recordo que Obama não recusou escrever o quanto deve à sua mãe o que de melhor em si existe. Emoção recorrente em mapa sem escala, diria eu. Subversão inesperada num ângulo que também por aí faz honra à liberdade.
Reconheçamos que cada um se tenta explicar; reconheçamos que temos feito esperar tanto quanto o que nos fizeram e fazem esperar a nós; reconheçamos que nem todos são poetas propensos; reconheçamos que poucos conseguem ser promessa ou assumir esse terrível risco de prometer; reconheçamos que o Nobel deve estar, no mínimo à altura do peito de cada um e daí tire-se a medida própria.
Há que saber discordar sem rancor e afirmar em terreno o orgulho pelo seu lugar no mundo. O imprevisto em Obama, também tem tido esta característica.
Oxalá todos nós saibamos colocar na mesa o que já fizemos pelas soluções de nós mesmos e pela injustiça que vamos permitindo calidamente antes de esperarmos pelo país que não merecemos e que reclamamos.
Ainda não vi um Obama azedo!, ainda que ele próprio e nós já tenhamos visto demasiado, de um modo ou de outro.
Ainda não vi um Obama embotado, colonizado por uma visão do passado, agarrado à desutilidade do agir.
Em meu nome e em nome de uma mudança autêntica, eu quero crer!
Quero crer que Obama não substituirá os ódios existentes por quotas de mercado de poder.
Quero crer que Barack Obama não abafará a diferença entre os mundos da abundância e os mundos da necessidade.
Em meu nome e em nome de uma mudança autêntica, sejamos fortes na luta contra a desilusão e que as novas perguntas vivam épocas de respostas firmes para que compreendamos a esperança e nela eu quero crer!, até lá onde e aonde pode levar um caminho, uma vida útil em nenhures e toda a parte.
Teresa Bracinha
13.12.09
11.12.09
Entre redes banco-burocráticas e intelectuários, com esquecidas cunhas e dourados poleiros
10.12.09
Bela estátua ao menino Obama. Obrigado, senhor presidente Wilson!
1º Tratados de paz após negociações à luz do dia, a fim de acabar com a diplomacia secreta;
2º Livre navegação em todos os oceanos, em tempo de paz e em tempo de guerra;
3ºTanto quanto possível, supressão de todas as barreiras alfandegárias;
4º Desarmamento, sempre que possível, sem ameaçar a ordem interna;
14ºCriação de uma Sociedade das Nações que assegure a independência política e a integridade dos Estados grandes e pequenos
Assumindo alguns dos legados do modelo kantiano de Paz Perpétua, influenciou, de forma decisiva o Pacto da Sociedade das Nações e o posterior modelo da carta das Nações Unidas, sendo precursor de algumas iniciativas do internacionalismo liberal da década que marcou o primeiro pós-guerra, nomeadamente do chamado Pacto Briand-Kellog, de 27 de Agosto de 1928. Gerou-se uma corrente que o maior jurista do século XX, Hans Kelsen, qualificou como Peace through Law. Dela me considero militante, tentando não consumir o charlatanismo de certas traduções em calão lusitano, celestializadas por discípulos de Morgenthau e pálidos imitadores de Kissinger e Talleyrand. Os que costumam mandar assassinar e depois lamentam o sucedido junto dos familiares das vítimas, justificando a pirataria em nome da gestão de penduricalhos...
Hoje, voltei a ouvir o velho Wilson. Chama-se Obama e disse: There will be times when nations - acting individually or in concert - will find the use of force not only necessary but morally justified. E acrescentou: instruments of war do have a role to play in preserving the peace. Porque, a non-violent movement could not have halted Hitler's armies. Negotiations cannot convince al-Qaeda's leaders to lay down their arms. Logo, os Estados Unidos must remain a standard bearer in the conduct of war para se diferenciarem from a vicious adversary that abides by no rules.
Estou pelo bem, contra o mal. Pelo direito contra os interesses. Pela paz com justiça. Viva o regresso ao idealismo, com força!
A linguagem do realismo político continua a mandar ler o idealismo pelo mero jogo das palavras demonizantes do pensamento binário que diz, da ideia pura de paz perpétua de Kant, o que muitos dizem do contrato social ou da vontade geralde Rousseau. Não percebem que nenhuma destas categorias quis representar uma concreta situação histórica que efectivamente tenha existido ou que venha a realizar-se, enquanto os homens forem homens e não bestas ou anjinhos.